sábado, 24 de maio de 2014

Os acertos e os erros do Instituto Millenium

É louvável que cidadãos de bem do Brasil tenham decidido criar um instituto para defender a propriedade privada, o livre mercado, a meritocracia, a livre competição e o Estado limitado. Porém, o Instituto Millenium cometeu um erro gravíssimo logo no início de sua existência, ao ter criado um fórum em defesa da liberdade de expressão. Isto porque a liberdade de expressão atua contra a propriedade privada, o livre mercado, a meritocracia, a livre competição e o Estado limitado. O motivo é muito simples: quem é contra tudo isso vai utilizar a liberdade de expressão para defender seus interesses.
Os verdadeiros cidadãos de bens, quer dizer, de bem, do Brasil devem defender a Abril e as Organizações Globo das investidas do chavismo do PT, mas não devem defender a liberdade de expressão de maneira abstrata. Isto porque a outra face da liberdade de expressão é a existência de publicações que promovem o lixo ideológico como Caros Amigos, Carta Capital, Fórum, Le Monde Diplomatique, Hora do Povo, Brasil de Fato, blogs petistas e jornais de sindicatos e organizações estudantis. Todas estas publicações mobilizam militantes e interferem na elaboração de políticas públicas, causando o atraso do Brasil. Não é à toa que houve casos notórios de períodos de prosperidade como na Espanha de Franco, em Portugal de Salazar, na Indonésia de Suharto e no Chile de Pinochet, em que a aplicação de políticas econômicas saudáveis e necessárias, baseadas na liberdade econômica, não foram constrangidas pela liberdade de expressão.
A liberdade de expressão permite que Exame, Veja, Época, O Globo, CBN, Folha e Estadão defendam o livre mercado, denunciem a corrupção dos políticos que tentam destruir o livre mercado, e exaltem as realizações dos políticos que defendem o livre mercado. Uma ou outra vez, vêem-se na obrigação de divulgar alguma informação de veracidade questionável pelo bem maior de mobilizar cidadãos de bem em favor daqueles que defendem as ideias corretas sobre economia. Por outro lado, a mesma liberdade de expressão permite que Caros Amigos, Carta Capital, Fórum, Le Monde Diplomatique, Hora do Povo, Brasil de Fato, blogs petistas e militantes em redes sociais defendam intervencionismo estatal, programas sociais que favorecem vagabundos, violadores da propriedade privada e façam acusações contra as boas empresas de comunicação e contra os políticos que defendem o livre mercado. Algumas acusações podem até ser verdadeiras, mas não são pertinentes de serem feitas no momento, uma vez que o mal maior no momento é o Brasil ser governado por inimigos da livre iniciativa e da propriedade privada. Uma vez ou outra, estes lixos jornalísticos desmentem alguma informação imprecisa divulgada pelas boas empresas de comunicação, mas não em nome da verdade, e sim como uma estratégia para a promoção do socialismo.
O problema dos jornais, revistas e sites esquerdistas não é eles receberem patrocínio estatal, como alegam membros do Instituto Millenium, e sim, eles existirem. O patrocínio estatal para as boas ideias às vezes é necessário. O governo do Estado de São Paulo age corretamente ao assinar Veja para todas as escolas, contribuindo para a formação intelectual e moral dos nossos meninos e impedindo que uma revista tão importante para a cultura nacional sofra com falta de recursos financeiros. A TV Cultura também age corretamente ao divulgar pensadores de incalculável valor, como Augusto Nunes e Luís Felipe Pondé.
Mesmo empresas de comunicação que promovem boas ideias sobre economia, como a Globo e a Folha, divulgam ideias ruins sobre cultura. Defendem o politicamente correto gramsciano, que inclui a apologia à formas excêntricas de família, diferentes da única forma saudável, que consiste em homem e mulher casados e filhos biológicos. Dessa forma, atacam os pilares da civilização cristã ocidental, que tornam possíveis a propriedade privada, o livre mercado e o Estado limitado. Ou seja, não percebem que entram na contradição de promover a destruição dos valores culturais que sustentam as ideias econômicas que eles mesmo reconhecem que são as melhores. A perversão moral conduz ao intervencionismo estatal na economia. Não é por outro motivo que Keynes era boiola e o centro de "pensamento" econômico no Brasil que defende as ideias intervencionistas de Keynes e similares está localizado em uma cidade conhecida por ter muita gente boiola. Difícil entender por que mesmo com todas estas arquievidências , ainda existam elementos que insistem em não entender que o livre mercado e o Estado reduzido só podem existir quando os valores cristãos estão sólidos.
Ao promover a liberdade de expressão, o Instituto Millenium comete erros semelhantes aos praticados pelos libertários, que têm as boas ideias sobre economia, mas não percebem ou não querem perceber as bases culturais, civilizacionais e morais em que estas ideias se sustentam. Normalmente, um libertário é um conservador com amigos esquerdistas, e que gosta de puxar o saco deles. Defender a legalização da maconha é um erro que posso explicar em outro texto, mas o pior não é os libertários defenderem a legalização da maconha, e sim darem ênfase a isso. Mesmo quem defende essa política poderia reconhecer que isso é um assunto menor e que o problema mais grave no Brasil é o Estado tomar 40% do PIB, controlar grande parte da economia por meio de bancos públicos, sufocar toda a livre iniciativa, punir quem produz e premiar quem é vagabundo. Alguns realmente têm esta consciência. Outros não. Preferem ser simpáticos com os amigos esquerdistas, não enfatizar o que realmente é importante, e exaltar "olhem, eu também sou a favor da legalização da maconha, nesse assunto eu sou igual a vocês". Verdadeiros cidadãos de bem não devem tentar ser simpáticos com amigos esquerdistas. Devem ser francos (sic), dizer que os esquerdistas estão errados, que eles são um bando de merda e que eles têm que tomar no cu. Aliás, conservadores de verdade não devem ter amigos esquerdistas. Ninguém tem que ser amigo de gente que não presta.
Os fundadores e colaboradores do Instituto Millenium são bem intencionados, mas muitos deles são bundões ao fazerem concessões ao politicamente correto e promoverem cretinices como "fórum sobre liberdade de expressão". O finado Roberto Campos era um homem de mais visão e entendia como a liberdade de expressão poderia sufocar a liberdade de iniciativa econômica.
Por causa destes erros, o Instituto Millenium perdeu as duas eleições presidenciais que ocorreram depois que foi criado, 2006 e 2010, e caminha para perder a terceira. A grande maioria das ideias defendidas por este instituto são corretas, mas teria muito a ganhar se me contratasse como colunista.