domingo, 17 de novembro de 2013

Instituições em perigo

Publicado no Brasil de Flato em agosto de 2005

Dois fatos recentes mostram que o Brasil está muito mais parecido com uma ditadura comunista do que com uma democracia liberal capitalista.
O primeiro deles foi a prisão de Eliana Tranchesi, a proprietária da Daslu, sob pretexto de sonegação fiscal e contrabando. Trata-se de uma total inversão de valores deixar a máfia petista solta e a dona da loja presa, uma vez que a sonegação fiscal e o contrabando são ações legítimas em um país onde o Estado sufoca a iniciativa privada com toda essa burocracia e todos esses impostos. A única alternativa que resta ao empreendedor para sobreviver e continuar gerando trabalho e renda é reduzindo seus gastos com tributos. O Brasil que dá certo é somente aquele que opera à margem do Estado. Além de gigante e ineficiente, o Estado brasileiro é altamente corrupto. Só há duas maneiras de acabar com este mal. Uma delas é extinguir o PT, responsável por toda essa sem-vergonhice nacional. A outra é fazer passar menos dinheiro pela mão dos políticos. As duas propostas são na verdade uma só, porque eliminar os ideólogos do PT são os ideólogos do Estado hipertrofiado e opressor da iniciativa privada.Eliana Tranchesi contribuiu para reduzir a grave corrupção que assola o país, porque ao evitar pagar impostos, fez passar menos dinheiro pela mão dos políticos. Se a Daslu tivesse pagado o IPI, a verba seria utilizada para o pagamento do mensalão. Essa quantia economizada serviu para ampliar a loja, ou seja, foi uma opção que beneficiou os brasileiros.
A empresária e seus clientes vinham sendo alvo sistemático da ira anticapitalista presente no Brasil, não apenas porque o negócio era bem sucedido, mas também porque tinha como público alvo pessoas bem sucedidas, chamadas pejorativamente de “elite” ou de “alta burguesia. São pessoas que estão neste patamar porque trabalharam muito, ao contrário dos seus críticos desocupados, que incluem estudantes e jornalistas. É um dos princípios básicos da economia que a busca do consumo de luxo é o motor do crescimento da economia, porque ao desejarem ter carros, jóias e vestidos, os indivíduos criam negócios para produzir coisas que agradam aos consumidores e portanto, geram empregos e progresso, beneficiando a todos. Para induzir a prosperidade de uma Nação, o Estado deve principalmente apenas não atrapalhar este processo, seu papel deve ser o de manter a lei e a ordem e com isso criar um clima favorável para os negócios. O resto, a iniciativa privada cuida. Estes princípios são sagrados e tiveram início com Adam Smith no século XVIII, mas infelizmente, em pleno século XXI, grande parte do Brasil rejeita estes princípios. A elite acadêmica burra e ignorante prefere ler baboseiras como Marx, Keynes, Hobsbawn, Caio Prado Jr, Celso Furtado e João Manuel Cardoso de Mello e defender idiotices populistas como “justiça social” e “melhor distribuição de renda”. Esta é a explicação básica do nosso atraso.
A transição do Brasil de uma democracia liberal capitalista para uma ditadura comunista, ao contrário do que ocorreu na Rússia, na China e em Cuba, não é feita através de uma revolução armada e sim através da estratégia gramsciana de moldar gradativamente a opinião pública através do controle esquerdista da mídia, das escolas e das igrejas. Isto foi evidente no caso na prisão de Eliana Tranchesi. Muito antes do acontecimento, a revista Carta Capital, o principal meio de comunicação da estratégia gramsciana, já vinha lançando uma campanha de ódio contra a loja, cujo paralelo só podia ser traçado com a semana do ódio existente no 1984 de George Orwell. Não se pode esquecer também que a prisão da empresária foi feita pela Polícia Federal, controlada pelo governo Lula. É uma verdade arquievidente, que uma das motivações, além de punir a atividade capitalista, era prejudicar a imagem da filha de Lúcia Alckmin, filha do governador paulista, uma bem sucedida executiva da loja. Existe uma clara intenção de queimar a candidatura de qualquer potencial adversário do Lula. Não considero o PSDB um partido perfeito, ainda é meio atrelado ao socialismo fabiano, mas Geraldo Alckmin é um homem competente e tem potencial para resgatar os valores morais, abandonados pelo governo petista.O segundo acontecimento que evidencia a arquievidente ditadura comunista no Brasil é a proposta de financiamento público das campanhas eleitorais. Trata-se de mais uma tentativa da esquerda de acabar com qualquer obstáculo a tomada total do poder. Uma democracia só é compatível com as liberdades quando os mais afortunados podem compensar sua condição de minoria populacional em uma eleição através da possibilidade de financiar a campanha de candidatos mais esclarecidos, convencer os pobres de que quando os ricos ficam mais ricos os pobres também ficam mais ricos e portanto, evitar a vitória de candidatos populistas que oprimiriam a minoria rica, trabalhadora e esclarecida. Neste caso, o mercado anula as assimetrias geradas pelo processo democrático e a solução de equilíbrio é ótima para todos. Se o financiamento das campanhas fosse público, seria revelado o caráter totalitário da democracia. Aos homens de negócio bem sucedidos seria vetada a possibilidade de convencer o povo a votar nos candidatos que defendem as idéias corretas e o caminho estaria livre para o poder tirânico a ser exercido pelas massas indolentes e ignorantes, que invejosa do sucesso de poucos, escolheria ser governada por políticos socialistas que expropriariam a riqueza legítima de pessoas que se esforçaram. Casos de arbitrariedades como o da Daslu seriam multiplicados. Vamos a um exemplo prático: é muito menos pior esse PT atual comprometido com a bandalheira do que o PT fiel à sua ideologia original de extinção do capitalismo e da liberdade. Com a necessidade de obtenção de financiamento privado para as campanhas, o PT viu-se forçado a captar recursos de empresários e com isso, foi obrigado a ceder um pouco em relação à sua doutrina, aceitando a manutenção das instituições e da normalidade econômica. Se o financiamento fosse público, o PT teria de dar satisfações apenas às massas ignorantes, e dessa forma, estaria livre para transformar o Brasil em uma imensa Cuba, como sempre sonhou desde sua fundação.
É por causa desses dois sinais, inspeção arbitrária na Daslu e financiamento público de campanha, que os empresários brasileiros devem tentar obter um habeas corpus preventivo ou caso nem isso seja possível, devido ao avançado grau de dilaceração das nossas instituições, devem fugir para a Miami se quiserem se sentir seguros. Além de enfrentarem pesada carga tributária, burocracia e trabalhadores com muitos direitos e poucos deveres, ainda têm de agüentar essa onde de perseguição anticapitalista.

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